sexta-feira, 11 de junho de 2010

A arte de ser amada

Natália Correia

Eu sou líquida mas recolhida

no íntimo estanho de uma jarra

e em tua boca um clavicórdio

quer recordar-me que sou ária


aérea vária porém sentada

perfil que os flamingos voaram

Pelos canteiros eu conto os gerânios

de uns tantos anos que nos separam.


Teu amor de planta submarina

procura um húmido lugar.

Sabiamente preencho a piscina

que te dê o hábito de afogar.


Do que não viste a minha idade

te inquieta como a ciência

do mundo ser muito velho

três vezes por mim rodeado

sem saber da tua existência.


Pensas-me a ilha e me sitias

de violinos por todos os lados

e em tua pele o que eu respiro

é um ar de frutos sossegados.