quinta-feira, 17 de junho de 2010

Ninguém meu amor

Sebastião Alba



Ninguém meu amor

ninguém como nós conhece o sol

Podem utilizá-lo nos espelhos

apagar com ele

os barcos de papel dos nossos lagos

podem obrigá-lo a parar

à entrada das casas mais baixas

podem ainda fazer

com que a noite gravite

hoje do mesmo lado

Mas ninguém meu amor

ninguém como nós conhece o sol

Até que o sol degole

o horizonte em que um a um

nos deitam

vendando-nos os olhos